terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sangue mineiro na arte de fazer cinema I


Tomo emprestado o título de Luis Felipe Miranda para reproduzir duas resenhas sobre o livro Pioneiros do cinema em Minas Gerais, a do próprio Luis Miranda [publicada em: http://www.cenacine.com.br/?p=870] e outra assinada por Ailton Magioli [publicada em: http://www.new.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_8/2008/12/08/ficha_cinema/id_sessao=8&id_noticia=5726/ficha_cinema.shtml
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Por Luis Felipe Miranda

Fruto de importantes pesquisas históricas realizadas na década de 1970, inclusive, coletando depoimentos de cineastas, artistas, produtores, técnicos e descendentes como filhos e netos dos participantes do Cinema Mudo Mineiro, além de realizar pesquisas em diferentes obras que abordaram os pioneiros. Este é o assunto do livro Pioneiros do Cinema em Minas Gerais. Um ponto muito interessante do Cinema Mineiro é que diferentemente do que ocorreu em outros estados brasileiros e até em outros países, em Minas aconteceram realizações cinematográficas em várias cidades além da capital, Belo Horizonte, como Barbacena, Cataguases, Guaranésia, Juiz de Fora, Pouso Alegre e em outros lugares, onde houve tentativas. Durante algumas décadas em toda América Latina, sempre apareceram pioneiros nascidos na Itália ou descendentes de gentes vindas desse país e de outros lugares da Europa. Em Minas, o mesmo aconteceu, pois mais da metade dos enfocados nesse trabalho tem origem européia. É como se tomássemos a liberdade de imaginar que os referidos estrangeiros têm sangue mineiro, devido a sua total adaptação a nova terra e numa homenagem, pedir emprestado o título de filme de Humberto Mauro, para batizar esta resenha.

O que essa obra cuja apresentação é do cineasta Geraldo Veloso, colega de geração do autor e que nos conta um pouco da personalidade de Paulo Augusto e do belo prefácio de Cunha de Leiradella, da Casa das Letras, Portugal. O livro ficou graficamente bonito e se propõe a examinar a contribuição de cada uma dessas personalidades que se arriscaram numa atividade nova, gente como Junqueira, Benedetti, Bonfioli, Doti, Fleming, Masotti, Mauro, Comello, Talon, Silva, Magalhães, Carriço e Brescia.

O livro seguiu uma ordem cronológica, quando apareceram os primeiros cineastas-operadores: Aristides Junqueira, Paulo Benedetti e Igino Bonfioli, os dois últimos italianos de nascimento que fizeram carreira em nosso cinema, Benedetti nas cidades de Barbacena e Rio Janeiro e Junqueira e Bonfioli, em Belo Horizonte. No final do capítulo Benedetti, aparece referência a Humberto Caetano, cineastas barbacenense, que merecerá maior destaque numa futura edição. Outros enfocados foram o artista amador Clementino Doti ator no primeiro filme ficcional silencioso: Canção da Primavera. Além do cineasta Francisco de Almeida Fleming de Pouso Alegre. O produtor Carlos Masotti de Guaranésia, também italiano de nascimento. Entre eles, o nome de maior destaque da época: Humberto Mauro, que fez carreira como cineasta em Cataguases e no Rio de Janeiro. O técnico Pedro Comello, outro italiano radicado e que filmou em Cataguases. Em Belo Horizonte, o artista-cineasta Manoel Talon e o cineasta José Silva, diretores cada um de um filme de longa-metragem. Silva era português e novidades surgem do quase desconhecido Talon. O produtor ocasional José Magalhães. O produtor de cinejornais que fez história na cidade de Juiz de Fora, João Carriço e o produtor-cineasta Luiz Renato Brescia, que após trabalhar em várias cidades pelo interior mineiro e finalmente se radicou em Belo Horizonte.

O autor Paulo Augusto Gomes (1949) é nascido em Belo Horizonte, cidade onde atua como crítico de cinema de longa atividade, iniciada em 1967, além de cineasta com alguns curtas-metragens no currículo e duas passagens pelo longa-metragem (atualmente prepara nova incursão cinematográfica), além de ser autor em parceria com Mário Alves Coutinho do livro Presença do CEC, 50 Anos de Cinema em Belo Horizonte, publicado em 2001 pela mesma Crisálida Editora. E sua obra, além da valiosa cobertura da fase silenciosa, serve como importante fonte para escrita de uma História do Cinema Mineiro, na qual Paulo Augusto faz parte e talvez seja sério candidato a escrevê-la.



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